quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Assim ando ultimamente...

Fotografia by Catarina NeryAndo lendo muito Ana Cristina César. Ela era absurdamente paranóica, mas é assim que eu às vezes estou a me sentir... quase seca, quase plena, quase sofrendo, quase satisfeita, quase triste, quase completa, quase ausente, quase serena, quase aflita, quase sangrando, quase equilíbrio, quase odiando, quase amando, quase feliz, quase brotando... quase gozando.... tudo misturando e remisturando-se em minha sã melancolia, em minha santa alegria.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

NOSSAS FLORES DE PLÁSTICO

preparam-se guloseimas. celebram o peru. trocam presentes. explodem as luzes. tocam o sino. vestem fina estampa. abafam os quintais. afogam tristezas. mastigam ressentimentos. dançam a ilusão. dissimulam alegria. o olhar vê e não enxerga... mas esperançosos esperam. e... esquecem-se do verdadeiro espírito do natal. a fraternidade entre todos. o amor...
Fotografia by Catarina

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O passado adormece sépia...

Fotografia by Catarina NeryAnos setenta. Copa do mundo. O passado pode ser como uma película de imagens descoradas e som apagado, mas ainda assim recordo o cheiro, as vozes, o hino, a luminosidade e a textura daquela escolinha. Chamava-se Anexo. Uma casa alugada pela Prefeitura, enquanto finalizava a obra do Cecém Oliveira, meu primeiro colégio, palco das minhas primeiras descobertas. Amizades, promessas, simplicidade e, a merenda que chamávamos de bug: uma espécie de sopa de arroz que vinha dos Estados Unidos aos países pobres. Quanto tempo passou!, os desejos tão puros que se dissiparam ao sabor do vento. De todos os colegas restou-me a Élida, da qual também sumiu de minha vida. Cadê você amiga, por onde tropeça, como está, o que têm feito? Sinto uma saudade funda da infância, apetece-me contar fatos por aqui. Pois sim... voltando à coleguinha de sala e também minha vizinha de rua, nunca esquecerei o dia em que Éda, chateada, saiu da sala e bateu a porta com força. Dio mio! Achei o máximo. Depois daquele episódio fiquei temerosa, mas encantada com seu "jeitão não levo desaforo pra casa"(risos). Cada pessoa é única, e Élida era despachada literalmente, sangue quente. Já eu, uma cagona de décima quinta grandeza; ah, meus amigos, eu batia os dentes de medo de taca! Bom relembrar as coisas da meninice. Ali era o meu lugar preferido. Quanto comprometimento havia de mim para aquela escola. Adorava estudar, conversar, correr, desenhar, aprender... foi a melhor época da minha vida! Felicidade, alegria, paz, sonhos... tudo tão harmonicamente juntos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

F A S C I N A N T E ! !

Fotografia by Catarina NeryEstou repleta de temas para escrever, mas esta observação calhou-me bem. Curioso. Das relações humanas que construí e convivo, o que mais me seduz é observar que para cada indivíduo tenho uma postura, um carinho. Sou diferente para cada outro que atua diante de mim. Cada relação é singular e isso é encantador. É importante saber que cada pessoa também me enxerga de forma diferente. Percepções, visões, trocas, linguagens, expectativas... Nossa! Eu adorava ir ao cinema com uma amiga na época da adolescência; com outra, para as baladas; com outra, passar o domingo; com outra, dividir meu mais segredado estado de espírito. Com outra, minhas vivências, minhas neuras e o cotidiano. É, abasteço este blogue com minha filosofia de botequim. Mas que é interessante é. Então... saúde plena aos iluminados que fazem ou fizeram parte da minha vida. Obrigada mil!!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ranço...

Eu tenho medo do clima quente e cada vez mais seco do Piauí. Tenho medo da violência que assusta Teresina. Tenho medo da ausência de chuva no Piauí. Tenho medo de perder o entardecer neon de Teresina. Tenho medo dessa antipatia habitual de alguns tantos pelo Piauí. Tenho medo, muito medo do preconceito imbecil por minha Teresina, por meu Piauí. Tenho medo do bairrismo de outros estados contra o meu. Porque se é esse conceito - de nada - que meu país tem do meu estado, eu tenho medo é do meu país.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Nosso arco-da-aliança...

Fotografia: Sela e Cacá, Segóvia - EspanhaPensando melhor, foi um final de inverno fabuloso. Houve desgaste, cobrança, momentos alegres, outros tensos, mas muita recomposição sentimental. Sorrimos, padecemos, choramos. Lavamos um monte de roupa suja e deixamos no capricho. Zeramos o cronômetro do ressentimento, da raiva, da intolerância. Não podíamos considerar outra opção que não fosse a homeostasia, o aconchego depois de tanta surra de palavras e ânimos alterados.
A aura daquele lugar era cheia de espiritualidade e humanismo, uma apoteose vazando fé por todos os cantos. Gente do mundo inteiro. Em todos os sentidos que olhava a cidade, pairava uma espécie de sobrenaturalidade, bons sentimentos aflorando na vontade ser melhor. Era o que eu sentia. E creio que assim era. Havia uma claridade esmagadora sobre meus olhos que chegava a doer, talvez sentisse o olhar embaçar, e foi assim onde me percebi mais humana e mais compreensiva. Foi lá - naqueles três meses - que enxerguei que sofrer podia ser bom. Seria meu fogo-fátuo e a minha catarse.
Santiago de Compostela, seu ladrilhos milenares, sua luz âmbar, sua história santa, sua hospitalidade... Impressionante que mesmo pequena e com seus noventa mil habitantes possui um ar cosmopolita, de vanguarda e de festividade de todos os gêneros. De lá partimos em nossas andanças pelo mundo... Cacá, eu e as viagens nas estradas da Espanha e Portugal, éramos cada vez mais frequentes. Três mosqueteiras. Sim, as viagens se tornaram dali em diante também o sujeito, nossa companheira fiel. Um dia em Porto, a admirar suas belezas esperando o disco flamejante se apagar nas águas do atlântico; outro a tocar as ondas geladas de La Coruña; outro a apreciar o mar azul de Vigo, e depois fazer umas comprinhas; outro atravessando os vales dourados se eclipsando aos tons violeta da região do El Bierzo; outro serpenteando as montanhas cobertas de neve... cores, cheiros, sensações...
Respirávamos poesia em cada poro. Desde que me entendo por gente sou uma viajante em potencial. Das primeiras paragens eu nunca esqueci. União no interior do Piauí foi a mais marcante de toda minha vida. Seria o início de muitas que ainda viriam, pois meus pensamentos já me transportavam continuamente aonde eu desejasse ir. Provavelmente por responsabilidade de Júlio Verne, e alguns livros infantis que povoaram meu terreno fértil e anódino. Eu era como uma mensageira de mim e dos meus devaneios pueris: planos, esperança, aventura, combustível... Imaginava a terra, o céu, a chuva, o pôr-do-sol, a luz da manhã... Idealizei muitas vezes a Espanha, a África, os EUA; como seria seu povo, sua cultura, sua língua? O fato de eu ser "durango kid" não minava minha convicção, ao contrário, só crescia. E eu acreditava... pensava e pensava: ainda vou desbravar tantos lugares, respirar o oxigênio mais longínquo que exista; não me importo com o dia e nem quando, eu irei!
As cidades se apresentaram a mim pelas novelas e pela minha coleção de selos. Hipnotizada eu adentrava na tela da tevê e naquela minúscula figurinha, eu me divertia. Além de sentir o lugar, parecia que o lugar também me sentia. Foram tantos os meus castelos de areia que o vento não levou. Todas as miragens e fábulas que percorri na infância, minha filha Catarina tem me proporcionado com muito carinho, e minha gratidão é sem tamanho. Cacá tem me feito feliz. Deu-me a realidade em vez do sonho. Recordo sua alegria ao me receber pela primeira vez em Madri, tinha as pupilas líquidas, chorava e me abraçava, e eu matava a saudade.
Minha filha, cidadã do mundo. Confesso, ela me dá um orgulho danado! E nesse ir e vir fizemos parte da variada fauna de cada pueblo que esbarramos. E de uma coisa não esquecerei jamais: sonhos são realizáveis, basta mentalizá-los. Abriram-se em meu ser como úlcera na boca do estômago. Há remédio para isso? Sim. VIAJAR... Já disse Saramago que, o fim de uma viagem é apenas o começo de outra...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

F E S T I V O ! ! ! !

Fotografia: Catarina Nery, Santiago de Compostela - Espanha

Gosto do olho que olha a noite...

Eu

Simplesmente Selena