Às vezes me pego questionando cada besteira sem motivo de ser, e em seguida percebo que eles também têm razão. Então tá, vejamos! É uma característica da natureza humana - mais feminina que humana, mais de mãe - nesse caso: sobre humana. Estou nos meus quarenta e três anos, e ainda consigo me dar por insatisfeita, sempre desejo algo mais à meus rebentos: que cresçam como pessoas, que não sofram tanto, que tenham sucesso, que se amem, que pratiquem o bem, que tenham muita saúde, que amem ao próximo, que sejam prudentes, amigos além de irmãos, que se ajudem caso precisarem. Por horas desfio reflexões e orações: Será que serão felizes em suas escolhas? Será o que os espera? Será que me amam como eu os amo? Ora bolas, o que importa essa pergunta! Vez em quando baixa uma identificaçãozinha com Ana Cristina Cesar, C.F.Abreu, Florbela Espanca; gera uma insegurança, uma dor lá no fuundo. Tolice materna, talvez a síndrome do ninho vazio se achegando, sei lá.
Claro! Tenho meus rompantes gerais. Brigo, xingo, valorizo, ensino, repreendo-os... Mostro-os o caminho certo, todavia a opção é de cada um, mas minha sede maior cobra deles, talvez até mais do que possam oferecer. No entanto, recuo. Vaza a necessidade de dar afeto com melhor qualidade. Beijar, elogiar, consumir esse amor que de tanto só sabe amar... Abraço-os apertado até sufocá-los. Há em mim uma avidez soberba e ansiosa pela infinitude, queria quiçá chegar a uns 99 anos, por aí, e poder usufruir ao máximo dessa ligação. Porque ser mãe é soltar os filhos e logo novamente querer agarrá-los, é ter que largar o prato ainda estando com fome, é nunca cansar de roer o osso sob quaisquer condições. Contanto que seja ao lado deles, perto deles, resgatando momentos e vivendo outros. Passam-se maios(Catarina e Palloma) e novembros(Pedro), anos e anos sagrados em mim... e ainda sinto o corte do cordão umbilical e as dores do parto.