Esta é a tentativa de capturar o curso da minha história. Neste (Co)existir me misturo com pessoas, palavras, olhares, sensações, livros, música, arte, o sol, o luar, o choro, o grito e o riso. A intenção é boa. Vou aprendendo a partir das lições que a vida me presta. Aqui você vai encontrar pensares, lugares, repescagens, emoções, coisas e causos. Se é relevante? Talvez. Na verdade escrever é que é viciante. Bem como ser lido. E agora? Estou viciada! Seja bem vindo e desfrute comigo. SELENA
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Cheirosos demais..
As aulas estão quase começando e os cheiros dos livros e cadernos já povoam a casa. No meu tempo de estudante nada mais me fazia alegre que o cheiro do lápis de cor, giz de cera e o clássico lápis preto com borracha; esta, eu sentia vontade de cheirá-la ao ponto de dar uma dentada. Creio que o que mais atrai o aluno é o aroma peculiar do material escolar. Por exemplo, o livro atiçava minha leitura pelo perfume delicioso de novo, depois eu folheava e via figuras de princesas, fadas e animais; o lápis de cor e de cera havia uma fragrância tão deliciosa que me conquistava os dedos a começar o traçado no papel. E cada vez que o desenho ia tomando forma mais instigava a idéia e a criatividade. Sou tão fascinada por estes objetos que tenho gravado nas minhas lembranças uma cena hilária. Quando tinha 4 anos, meu pai colocou DDT (veneno de formigas e baratas) pelos cantos do quintal, eu e meu irmão acreditamos ser leite em pó e comemos um pouco, na verdade eu nem sei se achei gostoso, mas criança quer mesmo é fazer arte. Meu pai por acaso protagonizou o final do acontecimento e entrou em parafuso. E eu, claro, dei o maior piti para não ir ao Sandu (Pronto-Socorro da época), tive medo de não mais voltar de lá. Sei lá, achava que ia morrer, no entanto, eu nem sabia de vero o que seria morrer, mas mesmo assim não queria ir ao lugar nem amarrada, algo me dizia que seria uma fria. Talvez fosse o medo pavoroso de injeção, e hospital para mim era sinônimo de agulha na nádega. Entretanto, minha mãe teve uma sacada inteligente e me presenteou uma caixinha de lápis de cor. Naquele momento fiquei quietinha, observei as cores uma a uma, fui atraída pela visão e pelo olfato, e enquanto meu pai me vestia e calçava minhas botinhas eu tocava deslumbrada todos aqueles lapizinhos coloridos e cheirosos. Parece coisa boba da infância, mas é que especialmente o lápis de cor faz voltar a felicidade de ser criança. Ah! Grandes tempos guardados em mim!
Posso vender minha imagem bem legal, isso me faz diferente e apresentável, mas será que seria de todo, ética?! Pois é.., então vamos: adoro apreciar pintura, posso não entender, mas meu coração sente. Tenho saudade da infância no interior, me lembra meus avós. Para este momento escrever é meu ofício, a palavra é minha flecha, todavia não quer dizer que vou ferir alguém. Gosto de conversar. Amo viver! Tudo que acontece na vida é bom, até os desencontros. Falo pelos cotovelos, me derramo demais. Não é nada difícil iniciar uma boa palestra com alguém que acabei de conhecer. É ligeiro bala! Até mais do que deveria ser. Penso que a solidão também pode ser bela. Gosto de momentos meus. Já borrei meus cílios na negridão da noite. Não gosto de falar só o trivial. A paciência as vezes não me visita. Gosto de gente inteligente. Adoro liberdade, viajar e visitar museus, eis o meu balão de oxigênio. Se pudesse conheceria o mundo, este é meu sonho de consumo.
Quase gosto da vida que tenho, e estou aprendendo a desfrutá-la em toda a sua singeleza, sem cobranças nem idealizações.