Esta é a tentativa de capturar o curso da minha história. Neste (Co)existir me misturo com pessoas, palavras, olhares, sensações, livros, música, arte, o sol, o luar, o choro, o grito e o riso. A intenção é boa. Vou aprendendo a partir das lições que a vida me presta. Aqui você vai encontrar pensares, lugares, repescagens, emoções, coisas e causos. Se é relevante? Talvez. Na verdade escrever é que é viciante. Bem como ser lido. E agora? Estou viciada! Seja bem vindo e desfrute comigo. SELENA
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
R E S S A C A M O R A L
A vida corre nervosa, estamos entupidos de planos, logo, não está fácil conciliá-los com os obstáculos; ok!, está tudo certo. Se eu não derramar para o outro minhas chateações; ok!, está tudo certo. Se o outro trabalha com labor, e fingimos não ver, mas vemos que ele cresceu profissionalmente e mudou de carro; ok!, está tudo certo. Desejamos bom-dia ao vizinho, mas não queremos ouvir negativas; ok!, tudo bem, está tudo certo. Se houver contratempo que aborreça meu parente, mas não chegue até mim; ok!, está tudo muito certo. Se usamos a língua para envenenar, mas a consciência fica leve; ok!, está tudo certo. Se nossas frustrações estão cada vez mais ativas, mas o final de semana é garantia para sorrir com picanha e cerveja gelada, e assim esquecermos momentaneamente os problemas; ok!, está tudo certo. Se nossos olhos não se fecham ao mal, e nos regozijamos com isso; ok!, está tudo certo. Se negligenciamos nossas crianças mesmo sabendo que o tempo voa; ok!, está tudo certo. Se formos execrados, mas fingimos não perceber para não descer do salto; ok!, está tudo certo. Se marido e mulher não se comprometem com a relação, mas se afogam nas ondas embaraçadas; ok!, está tudo certo. Se não falta cama quentinha para nós, mas falta aos sem-tetos; ok!, está tudo muitíssimo certo. Se eu viajo o mundo, vou aos melhores restaurantes, mas meu irmão nem sabe se existe Budapeste; ok!, muito bem, está tudo certo. Se não lançamos nosso mau humor no pedinte, mas também não fazemos nada para melhorar a sociedade; ok!, está tudo certo. Se se estiver a dois, cheio de ressentimentos, mas perante os amigos, estamos bem na fotografia; então ok!, está tudo bem certo. Se nossos filhos vestem as melhores roupas, mas seus primos mais próximos estão maltrapilhos; sem problemas, ok!, está tudo certo. Se formos devorados pelo outro, mas silenciamos fazendo vista grossa, pois devemos civilidade; ok!, está tudo certo. Se abominamos a falta de ética, mas furamos a fila do banco como quem não quer nada; ok!, está tudo certo. Se estamos gastando a natureza e o mundo já mostra sinais de morte, mas ainda assim ficamos paralisados; ok!, está tudo intensamente certo. Se nos envenenamos com vícios, raiva e maldade, mas torramos dinheiro em análise; ok!, está tudo certo. Se nos esforçamos por uma vida melhor, mas mesmo assim nossos filhos só reclamam e exigem; então, ok!, está tudo certo. Se fizermos o que não queremos, mas nos sentimos depois sufocados; ok!, está tudo certo. E se começou o ano novo, mas se estivermos outra vez de egoísmos renovados; ok!, está tudo para lá de certo.
Posso vender minha imagem bem legal, isso me faz diferente e apresentável, mas será que seria de todo, ética?! Pois é.., então vamos: adoro apreciar pintura, posso não entender, mas meu coração sente. Tenho saudade da infância no interior, me lembra meus avós. Para este momento escrever é meu ofício, a palavra é minha flecha, todavia não quer dizer que vou ferir alguém. Gosto de conversar. Amo viver! Tudo que acontece na vida é bom, até os desencontros. Falo pelos cotovelos, me derramo demais. Não é nada difícil iniciar uma boa palestra com alguém que acabei de conhecer. É ligeiro bala! Até mais do que deveria ser. Penso que a solidão também pode ser bela. Gosto de momentos meus. Já borrei meus cílios na negridão da noite. Não gosto de falar só o trivial. A paciência as vezes não me visita. Gosto de gente inteligente. Adoro liberdade, viajar e visitar museus, eis o meu balão de oxigênio. Se pudesse conheceria o mundo, este é meu sonho de consumo.
Quase gosto da vida que tenho, e estou aprendendo a desfrutá-la em toda a sua singeleza, sem cobranças nem idealizações.