S E R

Minha sensibilidade é construída a cada dia que: observo, compreendo, escrevo, leio, viajo, me abro pro mundo, amo..

dos belos momentos da vida..

Viajar: o verbo mais pomposo da minha língua. Passeando por Veneza uma cena ficou gravada na minha retina. Pelas pontezinhas que ligam as ruas de um lado ao outro, deslizava suavemente nas águas uma gôndola com um casal de asiáticos, o condutor, o tocador e o cantor que cantarolava lindamente uma música italiana das mais belas. Eu e minha irmã Celina não resistimos, não houve outra coisa a fazer que não fosse aplaudir. Preciso dizer que aquele momento foi mágico!

Honestamente..

Se tivesse poderes sobrenaturais voltaria meus filhos para dois, sete e doze anos de idade, debaixo da minha asa, onde pudesse outra vez reger suas vidas e cuidar, confortar, beijar as bochechas, repreender quando preciso e velar seu sono. Entretanto, eles crescem e nos largam de mão, e este crescimento gera dor em nós. E quer saber?, aquela mãe que era o porto seguro, a fada bondosa, já não é mais, passa a ser apenas uma figura simbólica. Estou certa de cada um dos meus rebentos nos pormenores: seu jeito, sua personalidade, seu caráter, seus gostos, manias e chatices. Conheço cada palavra não verbalizada em cada olhar. Sofri e ainda amargo pelo amadurecimento deles, parece egoísta e doentio, mas não é. Na verdade me preocupo, pois já se deparam com os percalços circunstanciais da vida. Faz parte. É quando o mundo cão se apresenta atrevessando seus caminhos. Aí bate a danada insegurança do futuro -que está em aberto- e reflito: será que tudo que ensinei está lá com eles esperando ser utilizado, será que saberão sair dos perrengues e da má influência? Amigos, quem é pai ou mãe bem sabe.., eu me preocupo, tu te preocupas, vocês se preocupam; queimamos pestanas de tanto passar sono, nos consumimos de medo do que eles ainda vão experenciar, mas apenas nos recolhemos a insignificância de sermos pais. Rezamos para eles serem resguardados, terem boa saúde, tornarem-se cidadãos e pessoas do bem. Desejamos com sofreguidão que sejam eternamente felizes. É!, nossos filhos não são nossos nem pensam como nós. E eles voam do ninho assim como também voamos um dia. Pagamos o preço que nossos pais pagaram. É a lógica.

A arte, e nela, o conceito do belo..

As Meninas, 1656 (Museu Del Prado, Madrid) do pintor Velázquez, revela um grande jogo de luz e sombras na composição de suas figuras. Nota-se a harmonia das cores e das formas, capazes de provocar maravilhosas sensações. Vale a pena debruçar os olhos.

medidor de felicidade..

Fotografia tirada por minha sobrinha Érika, na estrada de Camocim-CearáSe você admira o pôr-do-sol, depois a lua que sobe, está sosinho, mas bem consigo mesmo, se suportando, se curtindo, ouvindo sua própria respiração e com o coração cheio de amor pra dar: considere-se uma pessoa feliz!

Neblina em Teresina!!!

Teresina amanheceu ilhada pela névoa a começar pela canela, parecia desabitada, uma verdadeira réplica de Avalon. Só faltaram os cavaleiros galopando pelas brumas da cidade. Meu filho disse que é um indicativo do final das chuvas. Mas tomara que São Pedro, xará do meu Pedro, ainda mande muita água para cá, sinal de esperança e renovação. Que venha a abençoada chuva reciclar e limpar o ar seco e pesado desta terra tão quente! E para tanta cerração de hoje foi necessário ligar os faróis. A paisagem paradisíaca teve uma alvura mística. Lindo de se ver!

saudade funda..

Hoje fiz uma faxina geral nos CDs daqui de casa e me deparei com “Moendo Café”, um dos tantos discos dos meus tempos de menina. Nossa, fui às nuvens! Por um instante ultrapassei a barreira do tempo, creio que tive TOC de tanto repetir. Fui embalada para uma época deliciosa. Vi-me revirando a vitrola da minha avó Neném, era um dia chuvoso, a casa alta e de telha, o chão quadriculado com tons de cinza e vermelho, o vento cuspindo os respingos pela janela, as goteiras consoladas por bacias de alumínio. É incrível!, mas consigo enxergar perfeitamente aquele dia. Era início da tarde, no entanto estava tão nublado e escuro que mais parecia o crepúsculo. Daí começou uma inexorável chuva de verão e a rua virou um rio cor de barro, jorrava da esquerda para direita, parecia uma represa que abria suas compotas. Eu perdia o fôlego de tanto apreciar o cenário. A casa quase desabando, o vinil rolando no móvel de madeira, o céu chorando, as árvores rodopiando, eu dançando feita vara de marmelo, e a melodia tomando conta de mim e dos elementos da rua. O espetáculo para lá de fantástico me cobria de alegria. Penso que a música se faz essencial na vida de todas as pessoas: têm força, remete a tempos distantes, impele os cheiros e sensações, aumenta a imunidade e melhora a auto-estima. Cada canção lembra um breve momento, um determinado período, uma pessoa, uma história diferente. É, desfrutei uma infância bastante musical..

Momento ímpar no BBB8..

Lá pelas tantas da madrugada rolou a canção "Só tinha que ser com você", de Jobim. Havia uma roupagem nova, um ritmo eletrônico, creio que era na voz da Fernanda Porto, mas não tenho certeza. Gysele acompanhou a música com muita alegria, parecia se divertir, estava leve, algo como se vivesse a música. Foi um momento comovente, nota dez! Coloco a canção aqui pra vocês, porém o vídeo com melhor qualidade que encontrei foi com a cantora Paula Lima. Se você não conseguir visualisar o clipe aqui pelo blog, é só clicar na imagem que automaticamente abrirá um link do "youtube". Até mais..

....

não sei bem o porquê, mas eu adoro as reticências...

IVETE SANGALO: UM PRODUTO

Ivete recebeu nada mais nada menos que a bagatela de R$ 8 milhões para ser a garota propaganda da Nova Schim. Esta mulher é uma "empresa", uma das personalidades mais bem pagas, talvez a que mais fatura no Brasil. É Alegre, brincalhona, entrete e diverte o público, uma verdadeira Show Woman, e isto é show bis! Sendo que sua unidade de capital é a própria imagem, é sua voz unida ao grande carisma que tem. Lembro-me como se fosse ontem, há uns quinze anos ou mais, bem no comecinho de sua carreira, eu e ela lado a lado esperando o avião no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte; estava na peleja em busca do sonho, parecia drogada, e um rapaz a conduzia até a aeronave, mas na verdade se apoiava no namorado esgotada. E eu, maliciosa, achei que era droga. Droga nada, a mulher estava dormindo em pé de tanto cansaço. Outro dia a vi numa entrevista falando que já passou muito sono, que fazia vários shows por dia e dormia quase de pé. Nossa!, a carapuça coube na minha cabeça, parecia que me mandava um recado. Senti vergonha de mim.

É admirável acompanhar uma vendedora de marmitas ascender, ser reconhecida e se fazer um produto credível dos mais mercadólogicos. Investiu, transpirou e não desistiu. Mas qual a chave para este sucesso? Creio que posso responder: labor, talento e luz própria; uma combinação perfeita. E além de cantar é também apresentadora. Ela não perde tempo, se vende muito bem, nós a compramos e gostamos. Palmas para a marquetóloga La Sangalo! Uma história de sucesso.

Violência No Trânsito, Uma Tragédia Nacional

Ontem uma moto passou por mim num tiro veloz, o rapaz parecia bastante apressado. Ao voltar pelo mesmo trajeto avistei um amontoado de curiosos e os bombeiros fazendo massagem cardíaca em um corpo quase sem vida. Nem sei se ali era o mesmo motoqueiro que costurou meu carro, não importa, e da mesma forma não posso afirmar quem foi o imprudente e responsável por aquele acidente. Mas decerto sei que me deparei com uma pessoa arfante jogada no duro chão da rua. A sensação foi das piores, a falta de respeito à existência humana se torna cada dia mais vulgar. E como disse Oscar Niemeyer, “A vida é um sopro”.

B L A S É

Nada novo: as mesmas coisas, os mesmos ais, os mesmos nós, as mesmas caras, os mesmos caminhos, as mesmas histórias; elas se repetem, uma a uma, infatigavelmente.. e eu, me repito, dia-a-dia, incansavelmente. Hoje.. cuspo-me de mim.

não importa aonde você vá, mas é preciso ir..

Albarracín é um pueblo medieval cravado no sopé das montanhas, diga-se de passagem é considerado por muitas pessoas o mais bonito da Espanha. Um lugarejo aparado pelo tempo e amparado por Deus. Confesso que me arrependo bastante, juro, de não tirar tanta fotografia dos lugares. Mas ao mesmo tempo me dou conta que os melhores e mais belos momentos têm maior entusiasmo se guardados na retina.V I A J A R É: observar, explorar, ouvir, conhecer, entender, sentir, imaginar, amar.. é ampliar os horizontes.. é mergulhar noutras culturas.. é enxergar com uma lente de aumento.. é compreender e estar atento aos detalhes.. é esculpir e lapidar nosso "eu" interior.. é perceber-se um apóstolo de olhos abertos.. é transformador, emocionante e fascinante.. é redescobrir o mundo, enriquecer o espírito, aprender e ser..

do vôo ao passado..

A canção Prélude à L’amour, de tão linda me faz mal ao coração, provoca taquicardia, arritmia, azotemia e tantas outras ias, ou seja, muuuita saudaaaade. Parto-me aos pedaços! E mesmo ouvindo seguidas vezes não consigo enjoar, é um dos tantos hinos que me fez crescer, ser gente. Lembro quando menina, a melodia entrando e saindo de mim tal chuva de verão: caudalosa, intensa e rápida. Sim, é uma das melhores músicas da minha vida. Bons tempos.. bons instantes.. bons momentos.. mas eles voam..

TVE, El Conciertazo: nota mil

Dia desses estava zapeando os canais da SKY, e parei num canal espanhol do qual me prendeu a atenção, logo identifiquei ser um prospecto pedagógico e comentei com minha filha o fato de no Brasil não haver este tipo de incentivo. O intuito do programa era introduzir e instruir as pessoas para música erudita, mas o curioso é que a platéia estava repleta só de crianças, que, na verdade, eram os protagonistas. Uma forma inteligente de inserir a música culta no cotidiano delas sem necessariamente ser imposto ou chato. A apresentação se dava em um grande teatro, e o apresentador -Fernando Argenta- tinha uma desenvoltura fora do comum, interagia com todos e escolhia algumas crianças para ir até o palco, conversava com elas singularmente, e depois mostrava o camarim a fim de se arrumarem para a dança. Nesse ínterim dialogava com os espectadores (crianças), e a orquestra ia desenrolando suavemente. O curioso é que ouviam atentos e impregnados, parecia que o som entrava e saía deles com uma leveza impressionante. Em seguida as crianças voltavam do camarim devidamente vestidos de época e a orquestra recomeçava. No camarim, elas aprendiam alguns passos de uma coreografia simples, porém sincronizada. A dança ficava linda! A platéia compenetrada sentia a música envolvendo seus corações e almas. No final do programa, foi escolhida uma criança do palco que estivesse aniversariando, e esta seria o maestro do dia. Gente., que momento admirável! Dentre toda baixaria e lixo televisivo que existe hoje (em todos os canais e sem exceção), me deparei com um propósito notável de uma TV aberta acreditando que ainda há saída para o entretenimento. Uma idéia das mais geniais que acompanhei nos últimos tempos. Ah!, que bom. Gentilmente, os pequenos desfrutam e aprendem música clássica. Naquela ocasião percebi a fronteira do preconceito sendo rompida pela Arte Maior. Braavoo!!!