Esta é a tentativa de capturar o curso da minha história. Neste (Co)existir me misturo com pessoas, palavras, olhares, sensações, livros, música, arte, o sol, o luar, o choro, o grito e o riso. A intenção é boa. Vou aprendendo a partir das lições que a vida me presta. Aqui você vai encontrar pensares, lugares, repescagens, emoções, coisas e causos. Se é relevante? Talvez. Na verdade escrever é que é viciante. Bem como ser lido. E agora? Estou viciada! Seja bem vindo e desfrute comigo. SELENA
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
saudade funda..
Hoje fiz uma faxina geral nos CDs daqui de casa e me deparei com “Moendo Café”, um dos tantos discos dos meus tempos de menina. Nossa, fui às nuvens! Por um instante ultrapassei a barreira do tempo, creio que tive TOC de tanto repetir. Fui embalada para uma época deliciosa. Vi-me revirando a vitrola da minha avó Neném, era um dia chuvoso, a casa alta e de telha, o chão quadriculado com tons de cinza e vermelho, o vento cuspindo os respingos pela janela, as goteiras consoladas por bacias de alumínio. É incrível!, mas consigo enxergar perfeitamente aquele dia. Era início da tarde, no entanto estava tão nublado e escuro que mais parecia o crepúsculo. Daí começou uma inexorável chuva de verão e a rua virou um rio cor de barro, jorrava da esquerda para direita, parecia uma represa que abria suas compotas. Eu perdia o fôlego de tanto apreciar o cenário. A casa quase desabando, o vinil rolando no móvel de madeira, o céu chorando, as árvores rodopiando, eu dançando feita vara de marmelo, e a melodia tomando conta de mim e dos elementos da rua. O espetáculo para lá de fantástico me cobria de alegria. Penso que a música se faz essencial na vida de todas as pessoas: têm força, remete a tempos distantes, impele os cheiros e sensações, aumenta a imunidade e melhora a auto-estima. Cada canção lembra um breve momento, um determinado período, uma pessoa, uma história diferente. É, desfrutei uma infância bastante musical..
Posso vender minha imagem bem legal, isso me faz diferente e apresentável, mas será que seria de todo, ética?! Pois é.., então vamos: adoro apreciar pintura, posso não entender, mas meu coração sente. Tenho saudade da infância no interior, me lembra meus avós. Para este momento escrever é meu ofício, a palavra é minha flecha, todavia não quer dizer que vou ferir alguém. Gosto de conversar. Amo viver! Tudo que acontece na vida é bom, até os desencontros. Falo pelos cotovelos, me derramo demais. Não é nada difícil iniciar uma boa palestra com alguém que acabei de conhecer. É ligeiro bala! Até mais do que deveria ser. Penso que a solidão também pode ser bela. Gosto de momentos meus. Já borrei meus cílios na negridão da noite. Não gosto de falar só o trivial. A paciência as vezes não me visita. Gosto de gente inteligente. Adoro liberdade, viajar e visitar museus, eis o meu balão de oxigênio. Se pudesse conheceria o mundo, este é meu sonho de consumo.
Quase gosto da vida que tenho, e estou aprendendo a desfrutá-la em toda a sua singeleza, sem cobranças nem idealizações.