Esta é a tentativa de capturar o curso da minha história. Neste (Co)existir me misturo com pessoas, palavras, olhares, sensações, livros, música, arte, o sol, o luar, o choro, o grito e o riso. A intenção é boa. Vou aprendendo a partir das lições que a vida me presta. Aqui você vai encontrar pensares, lugares, repescagens, emoções, coisas e causos. Se é relevante? Talvez. Na verdade escrever é que é viciante. Bem como ser lido. E agora? Estou viciada! Seja bem vindo e desfrute comigo. SELENA
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Música para nossos corações...
Cresci ouvindo tudo quanto foi tipo de música, de Elis a Golden Boys, de Caetano a Gonzagão, de Roberto Carlos a Vinícius, de Elvis a Beatles, de Carmina Burana a Orquestra Caravelli, de Sinatra a Albert Greene - este -, cantor de soul. Tantos e tantos outros vieram como uma avalanche de prazeres. Na idade mais tenra fui apresentada a um apetite melodioso onde eu jamais haveria de me divorciar, seria casamento indissolúvel. Na casa do vovô Oliveiros, pairava uma aura vibrante que subia pelas paredes, jorrava pelas janelas, corria o corredor e por todos os cantos. A musicalidade reinava, e eu era uma deveras menina cantarolante. Saltitava, dançava, pulava... Tirávamos som até das bacias da cozinha, lugar de reunião, cantoria, alegria e petiscos. Canções ao luar, palmas, violão e nós - o som subindo aos céus. Era mágico. Parecíamos uma grande família napolitana. De minha meninice para frente foi um caminho sem volta. Conheci Chico Buarque com os vinis das minhas tias; um Chico tão maravilhosamente brilhante em suas composições, mas ao mesmo tempo melancólico no olhar. Apaixonei-me por ele perdidamente! Não tinha outra saída para meus devaneios pueris, senão adentrar suas contas transparentes. Sim, eu me via refletida na retina de Chico - em minha sagaz imaginação, é claro. E eu pensava e pensava e pensava... em praias douradas, em ondas quebrando, em romance, em um amor para além da medida... Férias em União, interior do Piauí, casa da querida vovó Neném, momentos singelos e das maiores felicidades de minha existência. Adorava organizar as centenas de bolachões. Limpava, tirava o pó, mimava-os e ouvia, ouvia e viajava... Ah!, um lugarzinho bucólico e belo. Lá atrás. Tão longe no tempo; na minha memória, tão vivo.
Posso vender minha imagem bem legal, isso me faz diferente e apresentável, mas será que seria de todo, ética?! Pois é.., então vamos: adoro apreciar pintura, posso não entender, mas meu coração sente. Tenho saudade da infância no interior, me lembra meus avós. Para este momento escrever é meu ofício, a palavra é minha flecha, todavia não quer dizer que vou ferir alguém. Gosto de conversar. Amo viver! Tudo que acontece na vida é bom, até os desencontros. Falo pelos cotovelos, me derramo demais. Não é nada difícil iniciar uma boa palestra com alguém que acabei de conhecer. É ligeiro bala! Até mais do que deveria ser. Penso que a solidão também pode ser bela. Gosto de momentos meus. Já borrei meus cílios na negridão da noite. Não gosto de falar só o trivial. A paciência as vezes não me visita. Gosto de gente inteligente. Adoro liberdade, viajar e visitar museus, eis o meu balão de oxigênio. Se pudesse conheceria o mundo, este é meu sonho de consumo.
Quase gosto da vida que tenho, e estou aprendendo a desfrutá-la em toda a sua singeleza, sem cobranças nem idealizações.