..Vens amada, te findas sobre mim. Oh! Tão alvura prateada! Misteriosa, feminina e ondeante, a tremular nas águas dos meus olhos, cercas sem me abraçar, me transvazas o filamento, despes meu desassossego, me acalma só te olhar, me rasgas por dentro, me inoculas o coração, mergulhas olor do mato, da relva e de jasmim, brilhas tuas asas brancas, rompes a escuridão e, sem ferir, desferes a noite a beijar teu sorriso. Laceras teu clarão no manto negro virgem com tua dança sensual. Dá-me de beber, dá-me de comer, dá-me de vestir. Dá-me uma rosa branca. E uma vermelha trazes nos lábios. De preferência uma amapola rubra. Amo as amapolas. Dá-me uma dúzia delas. Cravas minha retina; Oh! Aura de mulher. Perfumas alfazema, rosas, canela. Acenas para mim. Desanuvias meu rosto obscuro com teu pálido cetim. Desembrulhas mansa no meu colo tuas tranças a irradiar óleos essenciais, o elixir dos deuses. Comandas as estrelas, as tuas seguidoras, e casta jorras teu farol nos campos verdejantes, nas cidades, nos prados, nos pastos e currais, em terrenos estéreis e secos, em pântanos e mares, nas calçadas rosadas de Salamanca, nas de pedra-portuguesa em Lisboa, nas de paralelepípedo da minha cidade, nas montanhas, nos vales, nas colinas e cascatas, em piscinas de beiral de mármore e no riachinho do casebre de palha; Oh! Deusa donzela, banhas meu quintal, lavas o índigo da noite e bafejas silvestre em meus pulmões, e prendes meu mirar no teu marfim, e morres em peles coladas, em hálitos queimando murmúrios e promessas, que adentras janelas e velas o sono, e libidinosa serpenteias as frestas das portas, e batizas conversas nas varandas e terreiros, e alumias a areia e a voz das ondas do mar, que pincelas o som das serenatas, que roças os jardins, e selas bocas sôfregas, e divina dá o tom aos cânticos e ladainhas, que cortas os lagos ao fundo, e sustentas uma sinfonia de violinos imaginários, e deságuas teu metal nos rios, e te derramas para curar feridas, que confortas junto aos lençóis, e acompanhas um solitário piano desafinado, e tiras palavra das pedras, que rompes o breu cintilando o éter, e delicada molhas a noite, e prateias cabelos cor de trigo, e acentuas azul nas brancas melenas, que desafias o espaço, e muda acompanhas segredos incólumes que transpõem décadas e milênios, e despes o luto em teus fios clarões, e te alastras hipnotizando os poetas, e esfaqueias sorumbáticos náufragos no negrume do vinho, que me aninhas em teu regaço. Oh! Diva. Diva dama doce como mel. Oh! feiticeira. Tu alumias o palco da existência humana, desumana e etecetera. Que choves nas ostras e caracóis, e que se voltam todos os olhos a venerar-te; Tu. Recíproca: não renegas jamais teus admiradores, e de tão bela purpurina, meu olhar se deita em ti a calar-me as palavras. Pura. Metafórica. Mágica. Perfeita. Radiante. Profana. Profética. Febril. Apaixonada. Apaixonante. Democrática. Universal. Que talvez não exista como linguagem, palavras bordadas, notas musicais a voar, léxico, nexo, fonema, vocábulo, vogal, escrita, verso, expressão, canção, grito, sinfonia, consoante ou sílaba para tão rara beleza, mas que substantivada; Tua luz diamante na garganta arfante amarra-me o grito, e a fala entala.
terça-feira, 31 de julho de 2007
segunda-feira, 30 de julho de 2007
dando o tom: bom dia à todos!
Existe algo
mais ético
que abrir um sorriso
largo ou tímido
e desejar um sincero
bom dia
às pessoas?
sábado, 28 de julho de 2007
O que esta imagem te parece?

A agência insensata que produziu tal publicidade, na verdade deixou subentendido também, a meu ver, que a marca Sisley é uma droga. Se a mensagem foi mostrar que a moda é viciante, não colou, uma vez que comprar moda é comprar saúde.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Conhece-te a ti mesmo..

Às vezes teu silêncio ecoa mais que todas as letras aglutinadas do alfabeto de todas as línguas. Tua mudez é voz a dançar que me cobre com a dor de um parto. Calar para ti é a verborragia mais derramada. Propaga-se com a força de um coral desafinado. Dói-me fundo. Tu dizes-me duras palavras taciturnas. Quantas coisas escutei na tua quietude, e este é o mais ensurdecedor dos sons que possas ter. Tu calas e me pões no meu lugar. Tento arrancar-te as palavras a ferro. Sem sucesso não escuto nenhum ruído mesmo que gutural. Mas soa agudíssimo o som da tua raiva, do teu desprezo, o barulho ensurdecedor quando tentas, sem porquês, arrancar-me do teu coração e me culpabilizar da tua insatisfação. Dócil dou-te tempo ao tempo. Sábio ele: o tempo.
segunda-feira, 23 de julho de 2007
da paisagem indescritível..

Uma espécie de cidade verticalizada e um dos cenários mais espetaculares do mundo! As casas estão debruçadas sobre as montanhas, e estas abraçadas pelo mar mediterrâneo. A pista é estreita e nela serpenteiam curvas, e os carros buzinam como se fossem nos jogar do penhasco; é todo o jeitão italiano de dirigir. As encostas das cidades de Amalfi, Positano, Ravello, Minori e Maiori reservam uma beleza de tirar o fôlego de qualquer mortal. A somente 56 km de Nápoles e a 280 km de Roma, no sul da Itália, a rota da Costa Amalfitana oferece uma vista circundada por um mar azul anil suntuoso.
domingo, 22 de julho de 2007
do código entre amigos..
Elas saíam de ti a tocar-me: suaves, agridoce, contornadas, aromáticas. Quase consegui segurar o perfume das tuas palavras. Teu timbre metálico e sereno agarrava-me com força a fim de me desenlaçar do vazio e me amparar; disseste que não combinava comigo. Mastigou, ruminou, engoliu em tiras a minha dor. Fizeste de bengala. Tirou-me da escuridão. Levantou-me.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
dos prazeres..

PRESENÇA
Ardência sem conta, minha alma incendeia,
meu corpo se alinha à emoção do desejo,
meus lábios se aprontam aos múltiplos beijos,
enquanto meu sangue borbulha nas veias!
O encanto da noite remexe a libido,
transforma meu corpo em nudez de emoção,
prepara o momento onde nula é a razão
ditando os domínios do amor mais sentido.
Ao ver-te, o universo se aquieta aos meus ais;
meus olhos rendidos às ânsias lacrimam,
enquanto tua voz murmurosa me enleia.
Então, desejando-te mais, muito mais,
Abraço teu corpo, os sentidos se animam
e o tempo se queda ao prazer que permeia.
QUARENTA SONETOS SEM PECADOS
(Editora Zem - RJ - 2007)
quarta-feira, 18 de julho de 2007
terça-feira, 17 de julho de 2007
O silêncio em silêncio: agoniza
Sinto-me tão só quanto o som solitário do piano no concerto de Chopin n°2, que se engendra nas profundezas de mim a me cortar de norte a sul, de leste a oeste, na carne, na célula, na urina, na alma, no certo, no avesso, no meu recalque e na minha falsa verdade. Sou frágil agora tal pele de bebê no deserto. A famigerada frustração vagueia como uma onda feroz a se alastrar em meu peito sem cerimônia como se gritasse se esgotar. Carente de afeto, choro.. e em queixume abafado clamo a Deus, grávida de fé.
segunda-feira, 16 de julho de 2007
das cores da terra..
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Que C'est Triste Venise
Alguns passam por aqui mas se mantêm em silêncio, o que é rigorosamente legítimo, outros deixam sua mensagem tão carinhosa que nada mais é que um mimo. Gracias à todos e em especial a Danilo, Celina, Faby, Soninha, Ema e Bill. Deixo-lhes esta bela canção.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
De que serviria gritar?

Da janela do terceiro andar olhava o vulto sumir aos poucos pela rua vazia. A rua descansava um descanso que não era seu, observava os detalhes, as casas ladeadas com cores coloridas, um latido ao longe, os telhados vermelhos, a obra inacabada, as árvores dançando, o vento cortante trazer as vozes da noite. A luz âmbar dos postes escorria pelos vidros das janelas, o dourado artificial da noite prendia seu olhar. Os carros estacionados pelo caminho se aconchegavam nas suas sombras. Queria fazer parte de algo da rua para não se atormentar com os porquês do fim, ansiava esquecer tanta angústia. Sentia inveja da calma madrugada. Sua respiração cada vez mais ofegante embaçava a vidraça. Olhou o vidro úmido e escreveu: Murilo. Observou o nome, beijou, olhou outra vez e riscou um “x” com o dedo indicador. Voltou para a sala pouco iluminada, ligou a vitrola e colocou o Prelúdio de Bach. Deixou a música entrar e sair pelo seu corpo esmagando a dor que furava seus ossos. Aos prantos e em frenesi, rezou e orou a Ave-Maria até adormecer. De manhã se deu conta que dormira na cadeira dura. Era sua penitência, sua redenção. Levantou-se em direção ao banheiro, vomitou sua agonia, tomou uma ducha forte.. Recomeçou do zero.
terça-feira, 10 de julho de 2007
Verborragia
Ajusto as minhas contas com meu mata-borrão,
sou eu o próprio papel e o próprio tinteiro.
Falo demais, escrevo demais,
me derramo demais..
domingo, 8 de julho de 2007
da chama que se apaga..

.. bastou um olhar para dizer todas as palavras caladas e surdas. Deslizou arrastando correntes pela casa sombria. Sentiu as pernas coladas. Soturna catou seus cacos para não deixar nenhum vestígio, queria lavar o chão, ora cúmplice da paixão arrebatadora. Mas esta feneceu como o consumir de uma vela. Como a pilha que se gasta. Chamou o elevador, entrou e se agasalhou no fundo dele, olharam-se como se engolissem suas ruínas. O silêncio negava o sofrimento. A última troca de olhar tinha o som de mil sinetas. Fechou a porta do elevador e caiu no fosso.. Era o fim.
sexta-feira, 6 de julho de 2007
das pequenas grandes coisas..
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Teresina, dourada, poética..
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