Esta é a tentativa de capturar o curso da minha história. Neste (Co)existir me misturo com pessoas, palavras, olhares, sensações, livros, música, arte, o sol, o luar, o choro, o grito e o riso. A intenção é boa. Vou aprendendo a partir das lições que a vida me presta. Aqui você vai encontrar pensares, lugares, repescagens, emoções, coisas e causos. Se é relevante? Talvez. Na verdade escrever é que é viciante. Bem como ser lido. E agora? Estou viciada! Seja bem vindo e desfrute comigo. SELENA
segunda-feira, 31 de março de 2008
Próprio de nós..
Estreamos ao mundo com tantas etapas à explorar. A infância representa a castidade, o desprendimento, a candura, a ingenuidade, a alegria. Depois vem um outro ciclo que implica comportamentos diversos: imaturidade, rebeldia, irreverência, instabilidade, orgulho e onipotência. No decorrer do tempo vamos aprendendo a lição e reagindo de acordo a cada momento ou a cada fase. Em tudo que experenciamos há uma escala de valores e sentimentos embrulhados: afetividade, ambição, solidariedade, cumplicidade, identificação, ciúme, partilha, honestidade, justiça, aprovação, intolerância, estratagema, afirmação, lealdade, competição, ingratidão, desconsideração, compaixão, admiração, bondade, indiferença, serenidade, liberdade, respeito, amor etc. Um carrossel de encanto e desilusões nos impelindo ao conhecimento. De modo que, personagens brutos e mensageiros da nossa narrativa sofremos lapidadações. Tão próprio de nós, o empirismo de ser humano. Como nos estabelecer diante de cada obstáculo que a vida impõe? Afinal de contas viver é escolher, um verdadeiro perder e ganhar contínuo, acreditar no que o coração diz, mas na hora de agir fazer uso da razão. Cada situação exige uma escolha, um trade-off nos forçando a eleger o que será coerente à ocasião. Por vezes erramos tentando acertar, pisamos a mão, somos cruéis. Decepcionamos o outro sem ressaca; o outro nos decepciona também. Entregamos-nos por inteiro, mas depois mandamos a conta. Damos importância ao que o outro pensa, precisamos parecer bem na fotografia, e este agradar é trazê-lo a nós. Somos indivíduos inseguros a maior parte da nossa subsistência. Porém escondemos nossas fraquezas por puro medo de não ser aceito com nosso pacote de defeitos. Aprendemos a dissimular desde cedo. E em alguma época até nos colocamos como a azeitona da empada. Contraditório, não?! É. Faz parte da nossa história. São estes períodos que nos faz gente grande. E em verdade esse desenvolver(se) gera dor. É fato. Mas bem mais para frente se abre um clarão e do outro lado o xis da questão: percebemos que perdemos bastante tempo com tolices, e que toda aquela troca de manipulações diárias não tem a menor valia. Daí, do nada, acordamos diferentes, suavisados. Concluímos que a melhor etapa é a que vivemos quando a maturidade se faz presente. Então, a porta que dá ao Equilíbrio se abre diante de nós e resolvemos atravessá-la, pensamos ser amor à primeira vista, mas não, não. Esteve todo o tempo ali do nosso lado, porém nossa cegueira o camuflou dos nossos olhos. E embora estivesse nos assistindo, velando nosso ir e vir, a nossa catarse diária; calmamente aguardava ser utilizado. Em seguida, enxergamos tal justa medida e naturalmente compreendemos que não estamos em débito com ninguém; a não ser com nós mesmos. Cada indivíduo tem seu próprio tempo ao aperfeiçoamento. E isso não tem preço! Não obstante o preço de SER. Completo quarenta e dois anos recheados de sombras e luzes. E nesta minha nova vivência mais intuitiva e de aceitação dos meus defeitos e virtudes, o que faço, penso ou digo só importa a mim mesma. Simples assim.
Posso vender minha imagem bem legal, isso me faz diferente e apresentável, mas será que seria de todo, ética?! Pois é.., então vamos: adoro apreciar pintura, posso não entender, mas meu coração sente. Tenho saudade da infância no interior, me lembra meus avós. Para este momento escrever é meu ofício, a palavra é minha flecha, todavia não quer dizer que vou ferir alguém. Gosto de conversar. Amo viver! Tudo que acontece na vida é bom, até os desencontros. Falo pelos cotovelos, me derramo demais. Não é nada difícil iniciar uma boa palestra com alguém que acabei de conhecer. É ligeiro bala! Até mais do que deveria ser. Penso que a solidão também pode ser bela. Gosto de momentos meus. Já borrei meus cílios na negridão da noite. Não gosto de falar só o trivial. A paciência as vezes não me visita. Gosto de gente inteligente. Adoro liberdade, viajar e visitar museus, eis o meu balão de oxigênio. Se pudesse conheceria o mundo, este é meu sonho de consumo.
Quase gosto da vida que tenho, e estou aprendendo a desfrutá-la em toda a sua singeleza, sem cobranças nem idealizações.