
----------------------------------- Bom dia, (vírgula) Venho aqui narrar um casamento interessante entre minha mãe, Selena, e a vírgula, pontuação da língua portuguesa por qual ela tem grande adoração. Tudo começou no ano de 2006, numa manhã quente de setembro, em Teresina; minha genitora resolveu criar um blog para escrever sobre tudo que lhe fosse de vontade. Desde o início percebi tal esmero que tinha com os textos que publicava. Era cuidadosa tanto com o conteúdo quanto com a pontuação. Porém notava também seu grande apego com a Senhora Dona Vírgula, e sempre que minha mãe vinha até mim pedir que revisasse seus textos eu limava no mínimo 99% das tais vírgulas dos escritos. Mas nem assim consegui livrá-la do vício das vírgulas. Foi aí que algo me surpreendeu, minha matriarca propôs em casamento a Senhora Dona Vírgula, e esta a aceitou como sua legítima esposa. Chegou o tão esperado dia. Como testemunha tínhamos o Teclado, o juíz era a Internet e o ENTER era o Sim da questão. O teclado atendia todas as vontades da noiva, a Internet, legitimadora da união ali estava a esperar, mas antes que fosse confirmado com o temido ENTER, veio uma caixa de mensagens da tela do computador perguntando se os noivos tinham certeza do ato. Então entrei em ação, vim acompanhada da coerência textual e gritei: - Pare agora o casamento!!! Como pode mãe se casar com a vírgula? Com tantos outros pretendentes mais interessantes! E o ponto final? E a exclamação? E os dois pontos? E o charme das reticências?!! Assim a coerência textual não coube em si e bradou: - E eu? Case-se comigo!!! Eu sou a escolha mais acertada. Afinal eu sou a junção de toda a pontuação na hora certa. Escolha-me! Neste momento, minha mãe muito assustada, porém convencida dos argumentos da coerência, trocou-a com a vírgula e apertou o ENTER sem pestanejar. E assim foram felizes para todo o sempre! FIM.