Esta é a tentativa de capturar o curso da minha história. Neste (Co)existir me misturo com pessoas, palavras, olhares, sensações, livros, música, arte, o sol, o luar, o choro, o grito e o riso. A intenção é boa. Vou aprendendo a partir das lições que a vida me presta. Aqui você vai encontrar pensares, lugares, repescagens, emoções, coisas e causos. Se é relevante? Talvez. Na verdade escrever é que é viciante. Bem como ser lido. E agora? Estou viciada! Seja bem vindo e desfrute comigo. SELENA
terça-feira, 16 de setembro de 2008
dos livros que nos fazem pensar...
Manter um diário on-line não é querer perfeição, mas o aperfeiçoamento de si. E é por isso que saio vomitando palavras, sensações, opiniões etc. Pois é. Terminei o livro. O da Maitê. “Uma vida inventada”. De tão confiável deslizei suavemente pela overdose de sensibilidade como solitária itinerante de águas tranquilas. Mas é vero. Este foi um dos tantos grandes livros da minha vida. Há drama? Há. Mas o senso de humor e a poesia que estão imbricados em cada linha, ampara-nos das ciladas do destino que essa mulher atravessou. De toda forma, a "menina" cresceu e virou gente grande.
A vivência da narradora era como minha segunda voz. É isso. Exatamente assim. Parecia que eu que contava pra mim mesma. Sei lá. Misturei-me à história. E, na minha fraude de leitora e narradora me joguei por inteira, fui uma espécie de áudio book - o som da minha voz martelava meus ouvidos. Tal simbiose espantosa, pensei: - estarei eu segura aqui? E não é que, uma voz veio do livro com boca e tudo e me disse: “-Segura?, muito mais que segura, então sustenta a carga mulher, você consegue; se eu consegui!”...
De modo que, a carga de cada um tem o peso que se pode carregar. Sim, é pesada... sinto-me às vezes desprotegida, e ainda assim arranco forças pra arrastar as correntes. A todos os viventes, sua própria carga. Portanto, toda sensação de fardo só me faz ter mais coragem pra tocar a vida pra frente, mesmo sendo ela finita, porque lá adiante é que batem as malas... e ainda resta-me a fé que me veste.
Sim, mas voltando ao livro da Maitê Proença. Caracoles!, é de salivar! A linguagem mesmo em algum momento na terceira pessoa, é clara e direta. Na lata. Para emudecer. Para ensinar. Para acariciar a alma. Para fazer refletir. Para divertir. Para moer. Tantas informações oferecidas de mão beijada ao leitor: um prato cheio para quem nem tanto viajou; uma mistura de romance, ficção e autobiografia. Mas enlaça nosso olhar. Prende-nos com nós invisíveis... e tritura... porque reduziu-me a pó... e saciou-me. O livro permeia a exuberância da existência e suas atribulações pontuadas por fatalidades, mas que, no entanto, é recheado de tantos outros sentimentos. Paradoxos à parte. A comunicação é tão cheia de cor e experiências com tudo que elas implicam: se boas e se ruins; porém, se a cor que enxergamos esteja em uma página em tons de cinza, mas ao explorarmos a próxima folha, poderá literalmente explodir um arco-íris abissal.
Posso vender minha imagem bem legal, isso me faz diferente e apresentável, mas será que seria de todo, ética?! Pois é.., então vamos: adoro apreciar pintura, posso não entender, mas meu coração sente. Tenho saudade da infância no interior, me lembra meus avós. Para este momento escrever é meu ofício, a palavra é minha flecha, todavia não quer dizer que vou ferir alguém. Gosto de conversar. Amo viver! Tudo que acontece na vida é bom, até os desencontros. Falo pelos cotovelos, me derramo demais. Não é nada difícil iniciar uma boa palestra com alguém que acabei de conhecer. É ligeiro bala! Até mais do que deveria ser. Penso que a solidão também pode ser bela. Gosto de momentos meus. Já borrei meus cílios na negridão da noite. Não gosto de falar só o trivial. A paciência as vezes não me visita. Gosto de gente inteligente. Adoro liberdade, viajar e visitar museus, eis o meu balão de oxigênio. Se pudesse conheceria o mundo, este é meu sonho de consumo.
Quase gosto da vida que tenho, e estou aprendendo a desfrutá-la em toda a sua singeleza, sem cobranças nem idealizações.