sábado, 6 de março de 2010

do artista e da arte

A infância me apresentou Roberto Carlos, e eu fiquei completamente rendida: por sua voz, seu charme, suas músicas que falam de amor, sua gargalhada. Passei muito tempo da minha vida ouvindo, assistindo na TV e idolatrando tudo que vinha dele. Hoje, observando melhor sua trajetória, percebo como foi danosa e o quanto ele é pretensioso. Vive em conflito entre si mesmo e sua arte. Nada mais patético que a clausura de não usufruir a liberdade. Culpa nossa? Maybe. Nós - fãs inveterados - elegemos o Rei; ele no seu alter-ego, idolatra-se. Então gritamos: Ave, Roberto! Rei do Brasil! O cantor vira um deus, e entoca-se no seu castelo divinal: não aproveita as coisas simples, não caminha pela rua, não dá a cara pra bater, não vive. Chico, Caetano, Glória Pires são artistas famosos também, porém com uma diferença: separam o joio do trigo, existem diante da vida... VIVEM! Artistas comem, adoecem, sofrem, urinam... O fato é que alguns até tentam, no entanto, nunca irão superar sua ARTE; esta é suprema e imortal. A arte não disputa, ela transcende as possibilidades. O artista devaneia o que a arte enternece. O artista que traz a arte para seu cotidiano paga um ônus incomensurável, o de ser ridículo. Roberto Carlos, aparentemente tão fiel a sua fé, contradiz os atos. É sim, o maior ícone da terra de Santa Cruz, mas morrerá um dia; já a sua ARTE: transcenderá.

Eu

Simplesmente Selena