quinta-feira, 11 de março de 2010

FILOSOFAR é INTERPRETAR

"O que foi que aconteceu comigo? Como foi que me salvei do asco? O que foi que rejuvenesceu meu olho? (..)

Naquele fragmento de instante foi levado pela emoção. Faltou tato. Carecia lidar melhor com os sentimentos. A raiva, a indiferença, a aversão, a inveja, o orgulho... Mas foi ali, bem ali, no olho do furacão, onde houve gozo e catarse que rebentou-se em sensatez. Fez diferente. Mudou o andar da carruagem. As coisas densas não eram essenciais, mas o que aconteceu? Acreditou! O vazio foi preenchido. Tornou-se o mesmo, tornou-se outro. Veio a leveza. O trato.

Como foi que alcancei as alturas nas quais não há mais gentalha sentada junto à fonte? Foi o próprio asco que me deu asas e forças capazes de pressentir as fontes? (..)

Foi lá. Quando a lagarta virou borboleta. Sofreu. Chorou. E na vontade de acertar, rompeu-se. Afastou as pedras do caminho. Não foi melhor nem pior. Apenas mudou de atitude. E para ser mais, percebeu-se menos. Renasceu.

De verdade, eu tive que voar ao lugar mais alto para poder reencontrar a nascente do prazer! (..)

Pois voou longe. Muito longe. Ao lugar mais distante. Voou ao certo sem saber se era o certo. Mas voou. Num silêncio ensurdecedor e longínquo. Foi para dentro, lançou-se em sua mais profunda escuridão... Distanciou-se de tudo. E lá do alto mais fundo de si, sem se prender, sem amarrar, enxergou-se. Redescobriu as delicias de viver...

Ah, eu a encontrei, meus irmãos! Aqui, no lugar mais alto, a nascente do prazer jorra sobre mim! E há uma vida na qual não há gentalha nenhuma bebendo junto!" Nietzsche

Aonde ele chegou? Nalgum lugar nem físico nem material. Desabrochou, despiu-se da cegueira moral. Banhou-se de contentamento. Lavou sua crise existencial no cavado intra horizonte. Na presença da própria ausência. Revelando-se, revelou-se: à justiça. E ela? Ah, ela o recebeu de braços abertos e olhos cerrados. Para além dele...

Trecho do livro - ECCE HOMO, NIETZSCHE; respostas despretensiosas (em cinza claro), da autora deste blogue.

Um comentário:

  1. Mãe, muito interessante sua resposta ao Nietzsche. Ow fucin, tu conversa até com os mortos é? kakakakaka

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