Esta é a tentativa de capturar o curso da minha história. Neste (Co)existir me misturo com pessoas, palavras, olhares, sensações, livros, música, arte, o sol, o luar, o choro, o grito e o riso. A intenção é boa. Vou aprendendo a partir das lições que a vida me presta. Aqui você vai encontrar pensares, lugares, repescagens, emoções, coisas e causos. Se é relevante? Talvez. Na verdade escrever é que é viciante. Bem como ser lido. E agora? Estou viciada! Seja bem vindo e desfrute comigo. SELENA
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Há dias assim...
Saudade louca, desarvorada, ensandecida, desorientada, que olha ao longe, transborda e se mistura com o éter. Saudade da época medieval, das pedras largas do castelo espanhol que não morei, da janela que não debrucei, da música sacra que jorrou pelas paredes que não ouvi. Saudade do por-do-sol de Santorini, do banco da praça que nunca sentei, das mãos que não toquei, do sorriso que nunca vi, do olhar que não troquei, da rosa que não recebi, da flor que não beijei. Saudade do tempo jurássico, de não ter visto um pterodátilo réptil com toda sua supremacia voando os céus. Uma saudade de tudo e de nada, que não comporta em mim nem em outro lugar. Saudade do som e do silêncio do espaço sideral. Saudade do passado e do futuro, das galáxias, dos planetas que possam ser habitados, das estrelas e da lua, da poeira cósmica, do fim e do príncipio. Uma saudade de alguém e outra de ninguém. Da pluralidade fronteiriça do meu sentir se espalhando ao vento, mas que não conhece como ser singular. Uma saudade que vaza... ausente, descomunal, louca e irrepreensível. Que é e não é minha. Saudade de ser o que sou e ser diferente no que faço. Dos meus pedaços olvidados por aí, perdidos nos períodos de minha vida. Daquela casinha de palha que deslizei. Da menina colhendo guabirabas naquele dia cor de ouro velho. Saudade larga sem tamanho nem profundidade, híbrida, sem lei natural, dramática, completamente espetaculosa e nonsense. Saudade de não ter conhecido e conversado com o sábio Rei Salomão. Saudade de um momento, de um gôsto, de um cheiro, de um abraço... tão minha... que sofre de insônia, que não sacia e me rasga a pele, no entanto, junta-me, aparta-me e entra novamente em mim. Saudade acoplada, embutida e impiedosa... que é pouca e é tanta.
Posso vender minha imagem bem legal, isso me faz diferente e apresentável, mas será que seria de todo, ética?! Pois é.., então vamos: adoro apreciar pintura, posso não entender, mas meu coração sente. Tenho saudade da infância no interior, me lembra meus avós. Para este momento escrever é meu ofício, a palavra é minha flecha, todavia não quer dizer que vou ferir alguém. Gosto de conversar. Amo viver! Tudo que acontece na vida é bom, até os desencontros. Falo pelos cotovelos, me derramo demais. Não é nada difícil iniciar uma boa palestra com alguém que acabei de conhecer. É ligeiro bala! Até mais do que deveria ser. Penso que a solidão também pode ser bela. Gosto de momentos meus. Já borrei meus cílios na negridão da noite. Não gosto de falar só o trivial. A paciência as vezes não me visita. Gosto de gente inteligente. Adoro liberdade, viajar e visitar museus, eis o meu balão de oxigênio. Se pudesse conheceria o mundo, este é meu sonho de consumo.
Quase gosto da vida que tenho, e estou aprendendo a desfrutá-la em toda a sua singeleza, sem cobranças nem idealizações.